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terça-feira, 28 de junho de 2016

Sem título



O excesso de trabalho ainda me assusta. Esporadicamente tenho reminiscências do tempo em que o pânico era o meu mais fiel companheiro, mas já não cedo à tentação de me deixar levar. Hoje foi um desses dias. Curiosamente só acontece em lugares onde nos sentimos seguros. Chegada a casa e eis que os cavalos a trote se instalam na minha jugular e o peito quer encher-se de ar, mas a sensação é que o ar nunca é o suficiente para saciar a minha fome de oxigénio. Estudei o meu pânico até ao limite, até perceber todos os seus "comos" e "porquês". Ponho o cronómetro no minuto e toca de avaliar o meu ritmo cardíaco - 86 bat.min - perfeitamente normal. O ar teima em não querer ser suficiente e tento perceber o porquê. Demasiados pensamentos, demasiadas coisas por fazer, tempo de menos para parar e organizar tudo, perceber o prioritário e no que não vale a pena insistir.

Ando novamente a tentar motivar-me para terminar o que iniciei em 2013. Obriguei-me a parar quando após a leitura, a cabeça se mantinha oca, sem reter qualquer conteúdo do que acabara de ler. Depois de decidir parar, recomeçar tem sido uma batalha contra mim. Não consigo entender os porquês mas talvez seja o medo da sensação de bloqueio mental, da exaustão. É difícil de explicar o que sente quem vê as suas capacidades cognitivas diminuirem dástricamente por cansaço. É dificil explicar o que se sente quando o cansaço é tanto que queremos obrigar o corpo e a cabeça a parar e eles simplesmente não respondem aos comandos. Continuar era o único objectivo, resolver os problemas o pensamento recorrente, um depois do outro, sempre, como se olhasse à volta e os meus problemas fossem uma pilha de papéis jogados numa secretária. Pegava num e logo caiam dezenas de outros tantos que nem percebia, grande parte das vezes, de onde surgiam.

Hoje tenho novamente um trabalho para terminar. Talvez venha daí a amostra de pânico. Aqui estou, a tentar distrair-me, procrastinando, atrasando o que tem que ser. Com medo de me deparar de novo com a sensação de não conseguir encadear conceitos, de não conseguir raciocinar . Ponho música, preparo o ambiente, cada vez mais confortável, e ainda assim temo o inicio. Os gatos circulam em meu redor, alternam as brincadeiras com os mimos e pequenas sonecas. Os miúdos não estão para poder trabalhar melhor e eu escrevo aqui para me obrigar a terminar a tarefa. A vergonha de desculpas vai obrigar-me a terminar. Um dia vou ter que enfrentar as mazelas do esgotamento. Que seja agora...




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