Chamava-lhes rosas do Japão porque me disseram ser esse o seu nome quando estive nas Caraíbas. Ensinaram - me há pouco tempo que são hibiscos e fazem árvores lindas. A fotografia mais bonita que possuo foi tirada à sombra de uma dessas árvores há tantos anos quantos a metade da vida que já levo comigo, no Funchal, numa viagem de finalistas que, como todas, foi inesquecível.
Amanhã será o último dia do meu ano, que iniciará o último ano dos meus anos 30.
Dizem que a vida só começa aos 40. Perdoem-me mas eu comecei a viver muito antes disso.
Se pudesse descrever a minha última década numa música descreveria-a assim. Talvez desse para descrever toda a minha vida também. Não sei. Dizem que só sabemos ao certo o valor que cada coisa tem para nós depois de a perder. Há muito tempo que tento dar valor às coisas no tempo certo. Sei exactamente o sabor que têm as perdas. Desde muito cedo. Isso fez de mim aquilo que sou. Talvez por isso me tenha sempre servido bem a capa de cuidadora. É com as coisas mais preciosas que devemos ter um maior cuidado e desconfio sempre de tudo o que é fácil demais assim como desconfio de quem não sabe o quer. Se há coisa de que não me arrependo é de ser assim. De todas as coisas o que mais prezo é a leveza da consciência e essa continua a deitar-se comigo, a cabeça na almofada, e a ser tão leve como uma pena, mesmo que o corpo teime em querer pesar. É sobretudo disto que mais me orgulho na vida. É sobretudo por isso que teimo em acreditar que o melhor ainda tem que estar por vir.
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