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sábado, 4 de julho de 2015

Diário da dor I



 Hoje só estiveram dois dos dedos dormentes. Bom, na verdade não foram 2 dedos inteiros foram só as cabeças dos ditos cujos. Não tenho dor quantificável, mas não estou sem dor. É uma coisa estranha esta a de se aprender a viver com dor, às tantas já nem a consegues descrever coerentemente de tanto te habituares a ela. Metade dos meus neurónios já parece funcionar, a outra continua uma massa amorfa que tenho que controlar para que não faça disparates. Um pouco como aquele filme que vi há muito tempo e de que não me lembro o nome ( para variar) em que um homem faz ( não me lembro bem como) 4 clones de si mesmo e o último só fazia disparates ( o original ia perdendo qualidades conforme se ia multiplicando) assim estão os meus neurónios neste momento, se lhes exijo que façam alguma coisa, só fazem confusão! Mas já estou melhor, muito melhor: consigo ler durante períodos aceitáveis sem me perder ou distrair, consigo encadear o raciocínio sem perder " o fio à meada" e hoje tentei trabalhar no relatório final, li, traduzi, entendi e consegui encadear o pensamento de tal forma que o esquema de produção de escrita, ou seja, o fio condutor do raciocínio voltou finalmente a ser claro. É complicado sentir a perda das capacidades cognitivas, e assustador. Viver em constante par reacção à acção sem conseguir fugir do ciclo vicioso deve ser parecido com o que sente um rato a correr dentro de uma roda - por mais que corras nunca chegas ao fim. A vida é irónica ao ponto de te obrigar a passar pelos mesmos sofrimentos quando te esqueces de aplicar algum conhecimento de até já tinhas, mas pensaste que já não servia: quando encontras um obstáculo muito maior do que o teu tamanho, tens que parar e usar os neurónios. Se te pões a fazer força e empurrar à bruta, vais-te cansar e ele não se vai mover um milímetro,... e depois cais! E levantas-te ( mas antes aproveita que estás deitada e descansa) e continuas e pensas...alguma solução se há-de arranjar. Pode não ser hoje nem amanhã mas à força nunca vi ninguém conseguir grande coisa.

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