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quinta-feira, 25 de setembro de 2014

Dias cinzentos

Os dias cinzentos são sempre os piores e raramente têm muito que ver com os sol. São os dias em que se descobre que os sonhos ficaram todos para trás, que não se faz nada do que se esperava fazer por esta altura e que por muita volta que se dê ao pensamento não se encontra grandes saídas ( viáveis) para se transformar a forma como se ficou. O trabalho não nos leva a lado nenhum e é feito com esforço de escravatura, o tempo não chega para se estar com os filhos como se devia, já para não falar das contas constantes que se fazem para arranjar e rearranjar orçamentos. É nesta altura que me questiono qual foi a curva que fiz para a direcção errada. Por mais voltas que dê ao pensamento não consigo identificar uma ( foram tantas) que acabo por me certificar que é tempo perdido estar constantemente a voltar para trás.
 Até aqui, tudo bem.
Conforma-se e enforma-se e no fundo nem é isso que me preocupa. O que me preocupa é a falta de perspectivas, a falta de oportunidades, a falta de alternativas. Às vezes sinto que a minha vida é como a politica em Portugal: por mais que se queiram arranjar alternativas e soluções há-de vir sempre alguém ou alguma coisa estragar tudo.  Poderão dizer-me que a vida é mesmo assim , que nunca se tem aquilo que se quer, que é difícil...pois, obrigada pela informação, isso eu já sei! A alternativa pelos vistos é habituarmo-nos. Habituamo-nos a trabalhar 240 horas por mês. Habituamo-nos a despender apenas 30 minutos a uma hora por dia aos filhos, habituamo-nos com a ideia de que há muita coisa que nunca iremos ver nem ouvir. E eu habituei-me! Habituei-me que há alguns sonhos que se podem transformar nos piores pesadelos, quando te exigem sucesso.
 Estes são os meus dias cinzentos, depois tenho outros. Nos outros dias, agradeço por poder trabalhar as 240 horas que me permitem ir vivendo e levando os meus filhos onde querem, fazer-lhes alguns "mimos" que todos gostamos de fazer, mantê-los vestidos e calçados e aparentemente saudáveis e felizes. Nos outros dias, agradeço por ter resistido e aguentado 5 anos de uma depressão difícil, de ter aguentado as constantes pressões internas para não resistir ao sofrimento ( sim, uma depressão é, muito mais que se imagina, uma forma de sofrimento) de me ter transformado numa pedra, que não permite que os dias cinzentos que ainda batem à porta, tenham a mesma força e a mesma influência que já chegaram a ter. Nos dias cinzentos, lembro-me que vai passar, que tudo passa, que não preciso mostrar a ninguém que sou feliz, nem preciso ser melhor ou pior. Só preciso ser eu, e aguentar, porque no dia a seguir, se bem calhar, já verei as coisas diferentes, sem ambições, sem grandes sonhos, sem objectivos. Só com a vontade de viver." Esperar o melhor mas estar sempre preparada para o pior". Aprendi que só isto já me basta, como qualquer outro objectivo...



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