Não sei muito bem o que nos é um familiar dos nossos filhos. Isto é : mesmo depois de deixarmos de pertencer a uma determinada família, há pessoas que nos ficam por dentro, como se fossem também um pouco nossas, ou pelo menos, as suas lembranças nos fossem familiares. É estranho que o tudo que nos são os nossos filhos, seja dividido com uma parte que não nos é nada e que definimos como a ultrapassar e a reter como exemplo de aprendizagem do que a que não queremos pertencer daqui por diante. Passado isto, como dizia, ainda assim há pessoas que ficam e a quem ficamos na memória.
Tenho um amigo que diz por brincadeira que eu conheço "toda a gente, até o carteiro"( e é verdade , conheço! na realidade conheço mais do que um, conheço-os quase todos, os do nosso "quintal"...). Não é raro ir a qualquer lugar, mesmo fora da área e encontrar alguém que conhece alguém ou alguém, mesmo, mesmo querido ou conhecido. Sou eficaz na memória das caras.
O que nunca me tinha acontecido é ser reconhecida por alguém que não reconheço. A sensação é estranha. No entanto é sempre bom sentir que ficamos marcadas em algum lugar de uma forma boa (ou não haveria motivos para o reconhecimento)...Passo a explicar ( adoro contar estórinhas ehehehe!) :
Corria o ano de 2000 quando me casei. No meu imaginário fez sempre parte um véu enorme que fiz questão de usar nesse dia até não poder mais, pelo que devo ter sido a noiva deste país que mais horas usou um véu de três metros. A pequena B. na altura com a idade do meu Afonso olhava para mim com uns olhos enormes, brilhantes e durante esse dia seguiu o meu véu com quase tanto gosto quanto aquele com que o usei. Foram os olhos, e as palavras dela que a "denunciaram", ontem. Quando à noite em pleno exercício de funções laborais, uma rapariga com jeito de mulherzinha se vira para mim e num sorriso enorme me diz: Ah! eu conheço-te... ( silêncio) não consegui distingui-la. Sou a B. ! e então sim, foram os olhos que a denunciaram! Não consegui deixar de a abraçar, pela felicidade de a rever, mas sobretudo pela satisfação que me deu, de ainda ser recordada.
É assim o mundo e é destas ( e de outras) coisas que se faz a vida. Os festivais de Verão trazem-nos para o quintal recordações de como foi, de como era, animações, gente nova, gente velha em formas vintage e sobretudo a certeza que tudo cresce, tudo muda, tudo se transforma, mas na sua essência, tudo permanece ligado de uma forma vital.
Bem vindos à época de festivais de Verão no Alentejo, bem vindos às músicas do mundo!
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