Entro, por um corredor onde parece que me chamam a cada leito, como se um caudal de água poluída corresse continuamente. Em desespero, ausento-me do que é, para vender a esperança do que poderá vir a ser, e olhando para o futuro, levo pela mão enxurradas de desconhecidos que me abrem os braços tendo-me como porto de abrigo... ( vá lá deixa-me dizer uma asneira, uma só...) irra que já não aguento mais... e o coração continua a sincopar em desuníssono! O Outono, tomou de novo o lugar da Primavera. Depois da partida, a chegada. Este lugar é-me desconhecido e não conheço ninguém, nem te distingo dos demais ( é agora! se não páras para pensar digo uma asneira alto e bom som)...
Já disse!
Nada mudou. O caudal de água continua a correr, lavando a dor e a mágoa de quem se estende no seu leito. As palavras não mudaram o sentido dos ponteiros do relógio. O choro das crianças e dos adultos não afugenta o medo da escuridão. Não descrevo melhor o que não sei dizer o que é. As turbulências dos azares da vida rebolam-me no pensamento ( e as asneiras não ajudaram nada, viste? ) ...mesmo assim cá estamos, de costas voltadas, como os marretas a assistir a uma comédia de bonecos, soprando para o ar escárnios, pedindo que se transformem em palavras de amor que nos juntem num novo abraço ( sabes? já tenho visto melhores coisas escritas por e para mim...mas ultimamente parece que se esgotaram as palavras de amor, com os lamentos) . Adormeço-me num leito igual a tantos outros. Até as palavras me doem agora...os gestos de quem dá sem pedir em troca esgotaram-se no tempo, ainda antes de vir a crise. O corredor de gente que parece não querer parar de chegar, um eu que parece não querer parar de ir, os dias a esgotarem o calendário de mais um ano,
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