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quinta-feira, 30 de julho de 2015

Penso nisso, logo ( diário da dor III)

Consultei agora o my Cuf e já chegou o resultado da RM shampoo ( 3 em 1 e paga a pronto, pronto!).
Lembro-me quando o meu Rodrigo nasceu, uma das minhas colegas do Garcia de Orta, me ter dito que quando nos nascem os filhos deixamos de saber o que fazemos todos os dias. É uma realidade que se aplica também a quando começam as nossas danças hospitalares, em nome próprio. Leio os relatórios ( quando leio) e parece que fico burra. Chegam-me umas ganas ansiosas  e um medo agudo que me aperta a garganta. Invariavelmente utilizo a minha resposta " e tudo o vento levou": logo penso nisso amanhã, se tiver dúvidas logo as ponho a quem de direito. Pensando que não, foi esta atitude que me fez chegar até aqui. Às vezes as coisas que pensar e que gerir e que solucionar eram tantas que eu escolhia umas tantas e as outras arrumava no lugar logo penso nisso amanhã . Foi assim que não pirei à séria!
 O google, para mim, nunca é solução válida, primeiro porque na maioria das vezes me irrito profundamente com a busca que ele faz a partir das minhas palavras de referência, depois porque grande parte dos achados é treta da pior espécie. Assim achar o que quero entre tanta informação que não vale a ponta...é angustiante! Mail`a-se quem tem que achar o que procura e espera-se pelo tempo certo para que a "coisa" se resolva . Ainda assim, deixo sempre escapar uma ou outra lágrima, não sei se de pena de mim própria, se de raiva: só me faltava mais isto!
Percebi finalmente porque é que os doentes ditos crónico estão sempre a tentar parar a medicação. É a réstia de esperança, que sobra da realidade, a réstia de pensamento mágico ( se fecharmos os olhos isto passa tudo e amanhã estamos curados) . A bem da verdade deixar de tomar a medicação a única coisa que fez por mim foi levar-me à cama, sem me conseguir mexer. Ainda assim sei que vou muitas vezes, ainda, tentar parar, mesmo que isso implique sempre o mesmo resultado. Sempre achei, nestes anos todos de profissão que, quando se perde a esperança perdemos sempre a batalha, muitas vezes a guerra e sinceramente eu não estou para isso, pelo menos não tão cedo! Diz que se calhar, salta agora do naipe uma cintigrafia óssea. Ela que venha! Tenho coluna de enfermeira! pois, era de esperar...




terça-feira, 28 de julho de 2015

Devolver-me


As grandes cruzadas dos tempos modernos são mesmo aquelas que se travam dentro de nós. E o meu Santo Graal ainda continua à minha espera.  Mas já estive muito mais longe do doce sabor que se sente quando finalmente atingimos o objectivo porque esperamos muito, sofrendo ainda muito mais. O meu era muito simples e ainda assim tremendamente difícil de atingir. 
"Põe os teus olhos no alto, rapariga, é no céu que se encontram a luz e as estrelas".

Uma cabeça erguida é o melhor de que te podes orgulhar!





quinta-feira, 23 de julho de 2015

Broadcasting my life

Ia dizer que me sinto como se estivesse outra vez aqui






mas depois de tanta dor de crescimento é mesmo aqui que estou agora





e estou bem, obrigada =D !

Fotografias

Há sempre coisas boas por detrás das coisas menos boas. O bom disto tudo é que pude regressar a algo que me relembra os meus melhores tempos até hoje. Andar de comboio foi uma coisa de que sempre gostei e agora com o alto patrocínio do desgoverno do sistema de saúde português, no máximo de 15 em 15 dias vou de viagem à capital num comboio da cp, onde tenho sentido que o que faço tem efeitos positivos. Não sei se porque os comboios têm hoje outra velocidade, se porque a linha da ponte veio aumentar bastante o conforto e a rapidez da viagem, é num abrir e fechar de olhos que lá chego. Descobri também que há uma parte de mim que não mudou nada e a que eu chamo o relógio geográfico. Descobri este relógio quando percebi que o meu corpo pressente a chegada do que me diz muito. Adoro viajar, sempre gostei, mas pensei , em certa altura da minha vida, que determinados destinos nunca seriam para mim. Ficaria mais ao estilo das viagens na minha terra, encorporando o spot publicitário que fez delicias na minha juventude : " vá para fora cá dentro". E eu fui e vou sempre que puder. Conheço muito do meu país, das nossas gentes, dos nossos "brandos" costumes, do bom e do mau. E apesar de não ser uma típica turista, percebi facilmente que é "lá fora" que te descobres e dás valor às tuas raízes ao que te fez ser o que és. E que podes dar as voltas que quiseres por o mundo todo, mas é naquilo que traduz o que és e como sentes, que te sentes verdadeiramente em casa. Hoje aconteceu-me uma coisa que não me acontecia desde o tempo da faculdade. Envolta que me sentia na leitura de " Um lugar dentro de nós" ( que estou a adorar e estou quase no fim) algo me disse para levantar os olhos e a paisagem que vi pela janela certificou-me: são estes os meus cheiros, são estas as minhas paisagens, é este o meu chão, estou a chegar a casa. Levantei-me e ao chegar à porta de saída o altifalante anunciou a chegada breve da minha estação. Tenho um relógio geográfico dentro de mim, e eu reconheceria o que é também um pouco meu, desde que me deixassem pelo menos um dos sentidos funcional. E diz que estou a melhorar a bom ritmo!


terça-feira, 21 de julho de 2015

Tenho tudo!

E pela primeira vez na minha vida posso dizer que tenho tudo ! Em controlo de queixas/ sintomas já que a depressão ( pelo menos a minha ) não se trata com anti-depressivos, como já pude comprovar. Amanhã dou mais noticias !

Um lugar dentro de mim

O fim de semana foi maravilhoso. Depois de um dia de trabalho que marcou o fim do tempo de descanso forçado, entrei finalmente de férias ( as férias que posso ter, mas este ano muito mais leves, tendo em conta os últimos 7/8 anos da minha vida). Fim de semana de praia, claro! Entre banhos de sol e de mar, caracoladas e novos amigos, miolos à alentejana, jogos de futebol de salão e conversas animadas assim se passaram 3 dias. Hoje foi dia de regressar ao duplo e de tarde, descanso. O controlo da ansiedade tem sido uma prioridade, agora que sei que é essencial para me sentir melhor e voltei aos livros e ao meu PDA para acabar a especialidade. Devagar, que a diminuição da concentração, o défice de memória e a distracção fácil são agora muito mais dificilmente controlados. O que dantes fazia de forma muito fácil e rápida de momento leva-me o dobro do tempo e do esforço a conseguir. Mas tenho escrito umas linhas embora o trabalho, de facto, não renda muito. De qualquer das formas já consigo ler quase com a mesma rapidez de antigamente , especialmente se forem textos fáceis de compreender. A ansiedade não é nova para mim , lido com ela desde muito cedo e foi também cedo que aprendi a controla-la. Fui mais ou menos eficaz durante muitos anos, até à chegada da crise. Agora é só reaprender e reajustar o que já fazia. Já li o "Big Brother" ( 1984)  e agora tenho entre mãos um clássico que me foi sugerido no Fio de Prumo   que gosto muito de ler, e detesto quando quero ver um filme do qual ainda não li o livro, portanto, é lê-lo. Só que, comprar livros é um luxo que não me assiste ainda e enquanto estiver amordaçada pela crise ( a não ser os livros escolares para os garotos) não há compras de livros! Voltei à nossa maravilhosa biblioteca municipal. Como não são meus e não os quero estragar, os livros da biblioteca não saem de casa e em alternativa vou lendo os muitos livros que ainda tenho e que não li, já que a dificuldade de concentração e o excesso de trabalho diminuíram muito o meu ritmo de leitura.  Para as saídas e para a praia levo comigo Um Lugar Dentro de nós, de Gonçalo Cadilhe. Nada como um livro de viagens para me aguçar de novo a vontade de sonhar : " Não importa onde te leva a viagem mas sim o que ela faz de ti ".  Hoje à tarde, foi o pensamento no desenrolar do PDA, leituras alternadas, o meu sofá - onde não me espojava há quase uma eternidade - e a máquina de lavar roupa a obrigar-me a intervalos no quintal onde me perco entre o estendal da roupa, os tomates baby e a rega da horta. Sem crianças que me deram 2 dias de folga e estão na praia com os avós. Sem pressas, sem compromissos e horas marcadas, sem demasiadas preocupações, que tristezas não pagam dívidas. E é isto, por agora...






Karma é sentires-te bem contigo próprio por teres feito o que achavas que devias fazer em benefício de outra pessoa que é teu semelhante e que não pode pagar-te o bem que lhe fizeste. Karma é um lugar dentro de ti, é um calor que sai da tua alma, esta que tens nesta vida, é o teu sorriso quando te olhares ao espelho. As contas da equação são apenas pormenores, que hão-de fluir com tudo o resto pelo espaço e tempo infinitos do Universo 



Gonçalo Cadilhe - Um Lugar dentro de ti

segunda-feira, 20 de julho de 2015

Lições de vida

 



Por muito cinzentos que te pareçam os dias, insiste no que mais gostas. Para além das recordações, ficam as lições de vida e a certeza que o sol brilha sempre para quem o espera. 

Hoje tenho várias certezas: Ninguém aguenta sem parar para respirar, tudo muda num abrir e fechar de olhos e se insistires em pensar que aguentas tudo, quando cais, custa o dobro a recuperar.

Mantêm-se muitas dúvidas, claro, fraca ainda, muito, mas o esforço de reconstrução está-me a ajudar sobretudo a redescobrir quem sou e do que gosto realmente. E o que importa, para além da sobrevivência . Até já!

quarta-feira, 15 de julho de 2015

Diário da dor II

Muitas das vezes é o que vemos escrito que nos ajuda a clarificar a mente. Sempre achei que chegada mais ou menos aos 25 iria parar de crescer. O crescimento fisico já teria terminado há alguns anos e por essa altura teria-me tornado já uma adulta e entraria em velocidade de cruzeiro durante longos anos . Ninguém me avisou que nada é estanque e que, na verdade nada seria assim. Apercebi-me que não estou sozinha nisto já por várias vezes e da última vez quando li este texto. Crescer ainda mais e ainda por cima, além do patamar que se tinha como limite, dói, muito. Entra-se num tornado, despropositado, por inesperado. Primeiro a sensação de ausência e só depois a dor. Para mim foi talvez demasiado o tempo de ausência. ausência de tudo, de sentimentos, de sentires de expressões, um autêntico piloto automático, como se tivesse sido empurrada para a rede de metro, sem um destino final estabelecido. Anda-se assim, debaixo de terra, num comboio a alta velocidade, sem ver a luz durante tanto tempo que o tempo deixa de fazer sentido, para trás e para frente, sem destino final até perdermos a noção, até, de onde viemos. depois vem a dor. Uma dor indefinível, inexplicável. Aqui só temos duas hipóteses, ou mantemo-nos para todo o nosso sempre nesta viagem subterrânea sem destino, ou definimos um objectivo que será o nosso destino e traçamos o caminho para lá chegar. No meu caso foi muito o tempo de ausência, tanto que definir um destino se tornou efectivamente uma impossibilidade na minha cabeça. Destruíram-se certos processos mentais que me eram relativamente fáceis e há que reaprende-los outra vez apoiando-me apenas na minha força de vontade que sempre foi a minha melhor e por vezes a única bengala. Os objectivos são semanais e a grande tarefa cumpri-los. Obviamente para sair do túnel da ausência, foram necessários objectivos, são dois a médio prazo, sendo que é urgente parar a dor para o processo de crescimento interno possa ser concluído. Estou nesta fase, apercebi-me hoje quando, depois de demasiado tempo imóvel para que me pudessem " ver por dentro", ressoou na minha cabeça um outro exame, o de consciência. Basta apenas não sentir nada para se poder começar a sentir dor e nesta fase, nada mais importa a não ser o fim desta dor. Até nada se sentir outra vez, e só neste ponto se consegue redescobrir a beleza das pequenas coisas e a importância que elas têm para poder ver o mundo da forma certa, aquela que nos faz mais feliz e daí começar de novo.

Alguém se lembra desta música? Foi mais ou menos por aqui que tudo começou há uma década atrás





E entretanto acabei de ler o 1984

sexta-feira, 10 de julho de 2015

Diário da Luta I




É incrível como se consegue passar da dor óssea à dor muscular e desta para a sensação de cansaço. Embora o Atlas pareça já se ter "desencavalitado das minhas costas" ainda assim em dias alternados ainda consigo carregar uma saca de batatas de uns 50 Kg um dia inteiro. Agora são as pernas. Uma dor profunda, talvez o que sente a "malta das varizes", só que as minhas pernas aparentemente continuam imaculadas. Isso e as análises. Vendo saúde senhores! ( e assim se prova que os resultados analíticos nada provam se não se conseguir ver para além do visível e pensar para além do factualmente comprovável nunca se chega a lado nenhum). Enfim, se não me jogasse ao chão ia acabar por cair e provavelmente num estado muito mais lastimável. Assim por cá continuo, a recuperar neurónios, e tentando sacudir os pesos para trás das costas. Pensemos nisto como um reset. Estou a fazer um upgrade ao sistema operativo para tentar aumentar a vida útil desta minha alma humana!



Apesar das Ruínas

Apesar das ruínas e da morte, 
Onde sempre acabou cada ilusão, 
A força dos meus sonhos é tão forte, 
Que de tudo renasce a exaltação 
E nunca as minhas mãos ficam vazias. 

quinta-feira, 9 de julho de 2015

Leituras

Já terminei o botequim da liberdade e adorei saber mais sobre a vida de uma mulher sem medo de ser ela própria, talvez um pouco excessiva em determinadas convicções mas sem medo de as assumir. Gosto muito de pessoas assim, talvez porque sou um pouco assim. É-me difícil esconder o que penso, para o bem e para o mal!

Já segui em frente e tenho entre as mãos o 1984: Big brother is watching you. A ler e até agora a fazer-me pensar: a mente somos nós que a moldamos mediante a nossa realidade e a nossa força reside no facto de conseguirmos questionar, tudo, mesmo o que nos parecem dados adquiridos.

terça-feira, 7 de julho de 2015

Pescadora de sonhos

Hoje, tudo isto me trouxe à memória tempos tão bons. Ver o mar dar peixe assim de forma "fácil" de novo, encheu-me de uma esperança que não consigo explicar, só sentir. Isso e a certeza de que estou a precisar de umas novas lentes!



















sábado, 4 de julho de 2015

Diário da dor I



 Hoje só estiveram dois dos dedos dormentes. Bom, na verdade não foram 2 dedos inteiros foram só as cabeças dos ditos cujos. Não tenho dor quantificável, mas não estou sem dor. É uma coisa estranha esta a de se aprender a viver com dor, às tantas já nem a consegues descrever coerentemente de tanto te habituares a ela. Metade dos meus neurónios já parece funcionar, a outra continua uma massa amorfa que tenho que controlar para que não faça disparates. Um pouco como aquele filme que vi há muito tempo e de que não me lembro o nome ( para variar) em que um homem faz ( não me lembro bem como) 4 clones de si mesmo e o último só fazia disparates ( o original ia perdendo qualidades conforme se ia multiplicando) assim estão os meus neurónios neste momento, se lhes exijo que façam alguma coisa, só fazem confusão! Mas já estou melhor, muito melhor: consigo ler durante períodos aceitáveis sem me perder ou distrair, consigo encadear o raciocínio sem perder " o fio à meada" e hoje tentei trabalhar no relatório final, li, traduzi, entendi e consegui encadear o pensamento de tal forma que o esquema de produção de escrita, ou seja, o fio condutor do raciocínio voltou finalmente a ser claro. É complicado sentir a perda das capacidades cognitivas, e assustador. Viver em constante par reacção à acção sem conseguir fugir do ciclo vicioso deve ser parecido com o que sente um rato a correr dentro de uma roda - por mais que corras nunca chegas ao fim. A vida é irónica ao ponto de te obrigar a passar pelos mesmos sofrimentos quando te esqueces de aplicar algum conhecimento de até já tinhas, mas pensaste que já não servia: quando encontras um obstáculo muito maior do que o teu tamanho, tens que parar e usar os neurónios. Se te pões a fazer força e empurrar à bruta, vais-te cansar e ele não se vai mover um milímetro,... e depois cais! E levantas-te ( mas antes aproveita que estás deitada e descansa) e continuas e pensas...alguma solução se há-de arranjar. Pode não ser hoje nem amanhã mas à força nunca vi ninguém conseguir grande coisa.