---------------------------------------------------------------------------------------------------

---------------------------------------------------------------------------------------------------

quarta-feira, 29 de outubro de 2014

Aguentar

Os dias em que reservo para mim própria o direito de fazer coisas que gosto são sempre dias bons.  Hoje foi um desses dias. Apesar do trabalho ter sido difícil, de ter sacrificado um pouco a vida familiar, obriguei-me a ir assistir às conversas imaginárias do Helder Costa, porque sim, porque achei que iria gostar!
  As conversas imaginárias são conversas impossíveis entre personagens históricas. Para a comemoração dos 25 anos da nossa Biblioteca Municipal estiveram à conversa Humberto Delgado, Salazar e Mariana Alcoforado.

Chegou-me à ideia, dentre as conversas, de como a suposta crise nos pode limitar a capacidade de reflectir.  É para isso que serve a arte. Para nos fazer reflectir, pensar sobre as coisas, virar os assuntos do avesso e transferi-los para o nosso dia a dia. Talvez todos nós tenhamos um pouco de cada uma daquelas figuras, talvez não.  O que diz muito sobre a nossa sociedade é que, ainda se consigam encontrar muitas daquelas características ali postas a descoberto, nos nossos dias ( afinal o Salazar caiu da cadeira, mas deixou marcas!).  A democratização trouxe-nos o acesso à instrução,  mas a que preço?  O que aprendemos nós e os nossos filhos, nas escolas? Seremos realmente livres de escolher as nossas opções ou limitamo-nos a seguir, por receio, aquilo que dizem ser o melhor para nós?
O que dantes era para mim uma escolha, hoje faço-o à custa de algum esforço pessoal e percebo o quanto a crise me limitou a capacidade de assistir e partilhar estes momentos que me deixam tão satisfeita e me fazem pensar... e penso na minha geração, que em vez de assumir o seu papel numa sociedade activa, é obrigada a sair para fora do país ou se vê preocupada na sua luta pela sobrevivência não podendo assim ter voz ou papel, ou não querendo, numa perpetuação daquela que já foi uma estratégia passada: manter a ignorância para não tocar na liderança.  E assim nos vão governando, todos, desde há várias décadas...

De cada vez que me permito estes devaneios tomo a decisão de não me deixar mergulhar de novo no marasmo. Ir, estar, reflectir, pensar, ouvir e depois interpretar usando isso em meu favor nas escolhas que faço para mim e para o futuro da minha família.  E ser feliz.

Obrigado ao grupo de teatro ao luar que nos brindou com uma surpresa divertida lembrando-me daquilo que já sabia: a importância do humor na nossa vida. Os textos do Helder Costa, são sempre "aqueles textos" não fosse o sr um grândolense...

E já me sinto com força para mais.  Venha a "escravatura" da contenção que com arte, eu aguento!

sábado, 11 de outubro de 2014

Conduções

Gosto de conduzir, sempre gostei. Houve até alturas em que me julguei uma óptima condutora. Depois, andei às voltas dentro de um carro ( sobrevivi ) a seguir chumbaram-me a condução e eu fiquei a um passo de um sonho.
Ainda conduzo embora convencida que sou uma condutora que dá para o gasto. Conduzo suficientemente bem para ser para mim um anti-stress andar com um carro nas mãos. Não me incomoda trabalhar a 30 e tal kilometros do lugar onde resido, não me importo de percorrer meio país para me encontrar com aqueles com quem me apetece estar.
Ir num dia do Alentejo a Coimbra e vir no outro, dar um saltinho a Aveiro entretanto ( desta vez conduzida e com muito orgulho) pode parecer um exagero para muitos mas para mim é a simples prova de que estou viva ( ainda ) . Sentar-me a uma mesa e falar de mim, da vida, com quem estou uma ou duas ( três numa grande loucura) vezes por ano e ainda assim parecer que foi ontem que terminamos a conversa e que sempre que falo me entendem, é sinal que todos os kilometros percorridos seriam poucos. É sinal que a amizade não tem tempos nem distâncias e podem passar mais 20 anos e ainda assim parecer que foi ontem a última conversa. E nunca faltar assunto nem coisas a aprender.

Alicia Keys - Brand New Me

terça-feira, 7 de outubro de 2014

Montagens e desmontagens de maus feitios

Fazemos tudo à vez, até o mau feitio.
Nestes tempos em que nos andamos a tentar  ajustar às novas rotinas ( e a que o mocho Abel muito tem ajudado) as horas de sono têm sofrido um pequeno rombo, assim como os hábitos e costumes. A alvorada passou a ser às 6.30 já que às 7.30 temos que estar no mocho Abel (se quero estar a horas no local de trabalho). Todas as previsões de necessidades têm que ser feitas de véspera e estamos a tentar ser mais responsáveis com as " nossas coisas"  tendo em conta que temos idades diferentes, necessidades diferentes e responsabilidades diferentes. Temos sobretudo que deixar de contar com as "bengalas" que os avós nos davam em todas as ocasiões e lembrarmo-nos que apesar de meninos não podemos contar com que tudo nos caia no colo, sem esforço. É difícil? É sim senhor! especialmente se tiver 7 anos e achar que dormir é um desperdício de tempo ou se tiver 11 e achar que todo o esforço que tiver que fazer a mais pode sempre ser responsabilidade dos outros...estamos portanto, de novo, em fase de formação cívica e familiar, que é uma coisa boa e me dá um certo prazer ( até ao ponto em que perco a paciência e saco do bolso a velha máxima: VAMOS A PARAR DE REFILAR e começar a pensar com a cabeça, ok? ). Na primeira noite a falta de sono do pequeno resultou numa birra e refilisse durante o dia de ontem, que se acalmou com a montagem de um bionicle (que esteve anos dentro da caixa à espera de ser montado) e ir para a cama às horas devidas,  no grande a descoberta de que quando estou um dia inteiro fora de casa ( e quando digo um dia inteiro são exactamente 24h ou mais...)  ele vai ter que fazer o "esforço" de pensar nos livros que lhe farão falta durante dois dias e organizar sozinho o enchimento e vazamento de mochilas se não quiser andar com todos os livros para trás e para a frente entre a casa dos avós e do pai ( o que implica ter uma chave de casa e abrir a porta sozinho): coisas muito difíceis portanto... Ah! como é difícil a vida de criança!!! Já vou avisando: amanhã é o meu dia de estar com mau feitio, combinado?

segunda-feira, 6 de outubro de 2014

A reviravolta da batata frita

Confessem, já estavam a estranhar eu me manter quieta por aqui, há tanto tempo, sem haver mudanças.
Setembro é sempre um tempo de ajustes e mudanças e o meu Setembro é, inevitavelmente, sempre assim. Mas agora já chegou Outubro e com ele o Outono.
Mudei de casa, estou a mudar de hábitos alimentares, mudámos de estação e, claro está, mudamos as cores do blog para adaptá-lo ao Outono, sempre com a imagem do Verão à cabeça. Parece-me bem e além disso eu sou incapaz de manter seja o que for, sem me permitir ou perspectivar a possibilidade de mudanças, que não têm que ser rupturas, apenas ajustes ou, mais que não seja,  mudança de visual.

Nesta coisa das mudanças acrescento a tentativa de alterar os hábitos também dos meus pequenos ( cada vez maiores, mas vá! ). A batata frita, essa amiga inseparável da alimentação dos meninos sofreu também ela uma mudança e passou, desde ontem, a chamar-se oficialmente, lá por casa, a batata rústica! Vai ao forno, juntamente com 3 colheres de azeite e uns acompanhantes a gosto ( que podem ir desde a pimenta ao alecrim, passando pelo louro e os coentros) e quando está bem tostadinha lá vem ela, muito mais saudável, acompanhar as nossas refeições ( que agora são sem televisões e sem qualquer outras interferências que não sejam as nossas próprias conversas ou os desastres culinários). Se vai ser difícil adaptarmo-nos a tantas alterações? provavelmente até vai, mas nada é impossível desde que se queira muito, de facto, alterar o que não nos faz bem...